Resenha Histórica

A cidade de Guimarães possuía já desde 1788 uma Companhia de Bombeiros Municipais, como escreve o Padre António Caldas nas suas crónicas. No entanto e convém salientar que esta Companhia dispunha apenas de meios materiais, nomeadamente de três bombas contra incêndios. Na altura, uma lei rigorosa obrigava todos os indivíduos a prestar serviço no combate ao fogo, sendo multados, e até detidos, aqueles que se negassem a fazê-lo. As bombas de picota braçais, então existentes, eram enchidas a canecos de água, pagos a uns tantos réis cada um por meio de fichas que na altura eram entregues a quem as abastecia e depois rebatidas na tesouraria da Câmara.
Apesar disso, a sua eficácia era diminuta. Como cidade antiga, o casario de Guimarães era de construção primitiva em que as paredes dos prédios e as suas divisórias eram de taipa, feita pelo sistema de rodízio, cujos vãos preenchidos de palha e barro eram depois recobertos a massa formada de cal e saibro. Mal o fogo se ateava, eram facilmente destruídas.
Primeiros Passos

Em 4 de Junho de 1869 ocorreu um grande incêndio no centro de Guimarães tendo reduzido a cinzas várias casas e provocando ainda a morte de 4 pessoas. É depois deste incêndio bem no centro da cidade, que se começa a desenvolver a ideia de criar uma Corporação de Bombeiros Voluntários. Um requerimento assinado por algumas personagens ilustres da cidade de Guimarães e remetido à Câmara Municipal de Guimarães a 6 de Dezembro de 1876 dava conta do pedido de uma bomba e respectivos apetrechos com vista à formação de uma associação denominada por Bombeiros Voluntários de Guimarães.

Requerimento enviado à Câmara Municipal de Guimarães, em 6 de Dezembro de 1876

“Dizem os abaixo assinados que tendo em vista a formação de uma associação denominada – Bombeiros Voluntários de Guimarães – que possa socorrer os habitantes desta cidade e seus subúrbios, em caso de incêndio e outras calamidades, vem solicitar da Câmara de que V. Ex.ª é digno Presidente, o material necessário para levar a efeito uma tão humanitária instituição. Os abaixo assinados, presentemente, não solicitam de V. Ex.ª mais que uma bomba e seus apetrechos, responsabilizando-se pelo material que for confinado.”

Assinam:

António Cândido Augusto Martins, António Crisóstomo da Silva Bastos, Manuel de Castro Sampaio, António de Freitas Carneiro e Oliveira, Domingos de Sousa Ribeiro, José Joaquim Ribeiro, Cândido José de Carvalho, António Fernandes Martins, António Peixoto de Matos Chaves, Joaquim António de Sousa Brandão, António Ribeiro da Costa Salgado, Rodrigo José Pacheco Barbosa, José Maria de Freitas Carneiro, Manuel Ribeiro Gomes de Abreu, João Arlindo da Silva Guimarães, Virgílio Martins da Costa, José de Castro Sampaio, António Augusto da Silva Carneiro, José Eduardo da Costa Mota, José Minotes, Domingos Ribeiro Guimarães e José Joaquim de Oliveira Júnior.

A Câmara deliberou unanimemente que fosse prestado todo o auxílio à dita associação fornecendo a bomba e respectivos apetrechos, bem como um voto de louvor à jovem associação. Assim se iniciava a organização dos Bombeiros Voluntários de Guimarães, com o valioso contributo da Câmara Municipal, cedendo o material solicitado e que era pertença dos Bombeiros Municipais, então ainda existentes.

Assim, em 19 de Março de 1877 por iniciativa de José Martins de Queirós Montenegro, mais conhecido por “Minotes” e 1º Comandante dos Bombeiros Voluntários de Guimarães, se inaugurou as primeiras instalações e sendo esse mesmo dia instituindo como o seu aniversário. Nesse ano de fundação a Corporação era composta pelos seguintes bombeiros voluntários:

Comandante José Martins de Queirós Montenegro
     
Avelino da Silva Guimarães (padeiro)   Francisco Fernandes (sapateiro)
António Alberto da Rocha Guimarães (ourives)   Francisco José dos Santos (sapateiro)
António Augusto da Silva Carneiro (proprietário)   Francisco José Ribeiro (empregado)
António Crisóstomo da Silva Bastos (negociante)   João António da Silva Guimarães (artista)
António da Silva Carneiro (contador)   Joaquim António da Silva Brandão (negociante)
António Fernandes (trabalhador)   José António de Meira (negociante)
António Ribeiro da Costa Salgado (proprietário)   José de Castro Sampaio (vereador da Câmara)
António Salgado (mestre pedreiro)   José Maria de Freitas Carneiro (empregado)
Domingos José Ribeiro Guimarães (proprietário)   José Jácomo (relojoeiro)
Domingos da Silva Ribeiro (proprietário)   José Joaquim de Oliveira (regente de cartório)
Eduardo de Castro Mota (empregado)   Jacinto José de Faria (negociante)
Eduardo da Silva Guimarães (padeiro)   Jacinto José Antunes (mestre de música)
Francisco Crisóstomo da Silva Bastos (proprietário)   Manuel José da Fonseca (mestre pintor)
Francisco Paredes Guimarães (curtidor)   Virgílio Martins da Costa (escrivão)

No ano de 1893, foi dada aos Voluntários uma outra dimensão nos serviços de incêndio, que lhe ficaram a ser exclusivos com a extinção da Companhia de Bombeiros Municipais. Na sessão de 2 de Janeiro, o Comando apresentou as bases de um contrato a realizar com a Câmara Municipal para que os Voluntários assumissem todo o serviço de incêndios. O contrato celebrado com a Câmara foi concretizado por despacho ministerial de 27 de Maio de 1893, sendo a partir daí o serviço de incêndios assegurado pelos Bombeiros Voluntários e a quem a Câmara Municipal de Guimarães resolveu entregar todo o material pertencente aos Bombeiros Municipais.